terça-feira, 14 de outubro de 2025

Budapeste Fervilha

 

O Castelo de Buda com a Ponte das Correntes em primeiro plano


A Hungria é uma nação no centro do mundo. A cultura de um país milenar que se alimenta de culturas diversas desde seus invasores até povos próximos. Essa miscigenação de culturas, somada a uma história, longa e por muitas vezes sofrida, fez do país um agregador de culturas do mundo, uma curva riquíssima do rio Danúbio. Poucas culturas conseguiriam se manter ao longo de milênios com tantas influências, foram invasões mongóis, otomanas, germânicas, austríacas, nazistas e soviéticas. São influências de todos esses além de romanas, italianas, alemãs, francesas e americanas

Os Cárpatos é um meio do caminho da Europa ocidental , do sul e leste europeus, mas também com influência indiana, iraniana, judaica, grega e turca. Dentro dessa miríade de culturas o país próspera  com complexidade e dualidade. 

O movimento frenético de barcos atravessando a parte mais charmosa do Rio Danúbio contrasta com a vida ainda um pouco pacata de uma cidade com  um pouco mais de 1,5 milhões de habitantes. As tristezas do passado comunista dão lugar ao capitalismo sem freio. A austeridade do povo sede espaço aos bares cheios de vida e noitadas animadas. Budapeste prega a democracia e a renovação mas teve apoio em regimes autoritários próprios e dos seus invasores e em governos como o do primeiro ministro Viktor Orban que governa o país há 15 anos.

 É um povo rude e sério (que beira o mal educado) contrastando com  crianças lindas e risonhas. Mil anos de história e parece que ainda tentam se descobrir como nação. 

sábado, 11 de outubro de 2025

A rica história da Hungria

 A Hungria não é um país qualquer, viajar pra lá requer olhos atentos e interesse histórico, pois você pode até viajar para um lugar bonito, mas entender suas nuances vai enriquecer muito mais sua passagem e trazer entendimento de como as coisas são atualmente.

A origem da história húngara, nos remete as 7 tribos Magiares que vieram dos Montes Urais e se estabeleceram nos Cárpatos no século IX, no ano 1.000 com a oficialização do reino e a coroação do Rei Cristão Estevão I (Santo Estevão).

Praça dos Heróis (os 7 líderes Magiares que fundaram a nação).


Monumento de Santo Estevão no Bastião dos Pescadores 

O nome “Hungria” deriva do termo turco onogur, que significa “dez flechas”, simbolizando a união militar dessas tribos. As 7 Magiares e outras 3 aliadas.


Depois de um período de consolidação do poder, com a eliminação de pagãos, conversão ao cristianismo e expansão para regiões como a Transilvânia, a Hungria enfrentou invasões mongóis entre 1241 e 1242 (executada por Batu Cã, neto de Gengis Khan) e isso devastou o reino. Batu Cã teve que retornar à Mongólia depois de conquistar partes da Rússia, da Polônia, Hungria e Áustria. Seu avô havia morrido e ele precisava participar da sucessão imperial. Iniciou-se aí um período de reconstrução com o Rei Béla IV.

Béla, é considerado o segundo baluarte do império pois praticamente refundou o reino. Ele iniciou a fortificação do território com a construção de fortes e castelos (inclusive o de Buda). Reorganizou uma reforma no sistema feudal fortalecendo o poder real e comprando a lealdade de nobres  por meio de concessões de terras (aí surge na Transilvânia uma certa dinastia Vlad que ficaria famosa anos depois num livro de contos de Bram Stocker). Para recuperar a população dizimada pelos Mongóis, convidou colonos alemães, eslavos e valões para ocupar o território, dando isenção fiscal e liberdade religiosa. Criou reconstruções urbanas em torno de fortalezas, criando novas vilas que iriam impulsionar o comércio e a economia local. Se fosse um político atual, com certeza usaria como slogan de campanha os dizeres "por uma Hungria forte novamente".

Castelo de Buda criado por Béla IV


Cerca de 300 anos depois os problemas começaram com a expansão do império Otomano nos Bálcãs, até que em 1526 foram derrotados na batalha de Mohács e o rei morreu na fuga. Com a vacância de poder, este foi dividido entre os Otomanos e os Habsburgos em 1541, os Otomanos conquistaram Buda e se consolidaram no poder até o final do século XVII quando os Habsburgos enfim iniciariam a reconquista e se consolidaram no poder. 

Durantes essas guerras contra os Otomanos um líder daquela dinastia Vlad que eu me referi mais cedo, teve seus filhos sequestrados pelos otomanos para que ele como seu poderoso exército lutasse contra os húngaros mesmo contra a sua vontade. Durante as batalhas esse líder morreu e seu filho sedento de vingança conseguiu fugir do cativeiro iniciando uma carnificina nas frentes otomanas, o que lhe valeu uma aura mítica que foi criativamente usada por Bram Stoker na criação de seu personagem Drácula

Como a influência e proteção dos Habsburgos da Áustria, o período foi de grande prosperidade porém após a revolução francesa, ficou claro que o modelo absolutista adotado não se sustentaria e com reordenação do mapa político europeu após o período napoleônico a pressão nacionalista vindo do processo de unificação da Itália e da Alemanha fez com que movimentos nacionalistas húngaros também se iniciassem, mesmo sendo reprimidos havia-se de se dar alguma autonomia à região e nesse contexto criou-se um império dual em 1867. Dois Estados autônomos: Império da Áustria e Reino da Hungria, cada um com seu próprio parlamento, governo e administração mas com instituições compartilhadas na política externa, defesa e finanças. Francisco José I foi simultaneamente imperador da Áustria e Rei da Hungria. Aí surgiu a popular figura de Sissi, a esposa de Francisco José e simpática a causa húngara. Praticamente uma Lady Diana do século XIX.


Sissi a imperatriz Austríaca sendo homenageada na Hungria.

Esse novo arranjo fortaleceu a Hungria mas deixou insatisfeitos outros grupos étnicos com tchecos, eslovacos, croatas, romenos, ucranianos e sérvios. Até que em meio a conflitos populares da Sérvia em 1914,  Francisco José resolveu mandar seu herdeiro do trono para Sarajevo um grupo nacionalista radical cometeu um atentado (da mesma forma que suspeita-se que tenha ocorrido com Rudolph, filho legítimo de Francisco José e que ocorreu com Sissi). O mesmo foi morto desencadeando o estopim da Primeira Guerra Mundial.

Franz Ferdiand momento antes de sua morte a a de sua esposa, o início da 1a Guerra mundial

Por uma série de alianças, o império Áustro - Húngaro ao declarar guerra à Sérvia, tinha uma aliança com a Alemanha e Itália que acabaram declarando guerra aos aliados da Sérvia (Rússia, França e Inglaterra). O resto é história.... mas a Primeira guerra mundial fez o mapa da Europa mudar ...

Mapa da Europa antes da 1a Guerra

O esfacelamento do Império Áustro -Húngaro criou novos países no cenário político.

Mapa da Europa com vários novos países depois da 1a guerra

O Tratado de Versailles formalizou as mudanças, decretou a a derrota e impôs pesadas penalidades principalmente para a Alemanha, a partir daí eu costumo a considerar que já seja o início da Segunda Guerra mundial (a revanche alemã). Mas as coisas não pararam por aí especificamente para a Hungria houve ainda o Tratado de Trianon de 1920 onde perdeu 2/3 de seu território e metade da sua população. Regiões foram divididas entre a Romênia, a Tchecoslováquia e Iugoslávia e o sentimento imediato foi de humilhação nacional gerando movimentos ultra nacionalistas radicais (assim como na Alemanha).  

Especificamente na Hungria o movimento foi liderado pelo partido da Cruz Flechada em 1939, eram ultranacionalistas, antissemitas, anticapitalistas, antissocialistas e redentistas (reivindicavam os territórios perdidos no Tratado de Trianon). Só subiram ao poder após uma tentativa fracassada de sair da guerra.

A íntegra do manifesto colocado no momumento popular : " Este monumento foi encomendado pelo governo da Hungria (ou, para ser mais exato, pelo primeiro-ministro Viktor Orbán, com poder quase ilimitado) e erguido furtivamente, após inúmeros atrasos, sob o manto da noite que amanheceu em 20 de julho de 2014. Na beira da calçada em frente ao memorial, você pode ver esculturas comemorativas, objetos pessoais, fotografias, livros e documentos. Estes foram trazidos aqui sem serem convidados nos últimos anos por cidadãos indignados com a falsificação da história que se manifesta no monumento, que foi erguido arbitrariamente sem consulta aos planejadores urbanos e à comunidade. Na redação oficial, o conjunto escultórico comemora a ocupação alemã da Hungria em 19 de março de 1944. Como resultado do escândalo que se seguiu à publicação do projeto, o texto foi alterado para "as vítimas da ocupação". A figura central da composição é o Arcanjo Gabriel personificando a Hungria inocente, deixando cair (na verdade, parece oferecer) o orbe do país, enquanto a águia imperial alemã se prepara para atacar. Assim, a obra reflete subservientemente a nova constituição do partido político populista e autoritário no poder, imposta à população novamente sem qualquer consulta, sugerindo que o Estado da Hungria não tem responsabilidade pelo genocídio após a ocupação alemã, incluindo a deportação de quase meio milhão de cidadãos húngaros (principalmente judeus, mas também ciganos, gays e dissidentes) para campos de extermínio nazistas. Este monumento é uma mentira a serviço de uma intenção política. A Hungria foi uma aliada fiel da Alemanha de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial, sendo a primeira, em 1940, a se juntar às potências do Eixo. Em 19 de março de 1944, as tropas alemãs que chegavam foram recebidas com buquês em vez de balas. Essa ocupação deixou a administração estatal intocada e a administração, por sua vez, organizou e executou com entusiasmo e muita eficácia as deportações em massa, superando até mesmo as expectativas alemãs. A Hungria foi a primeira na Europa, em 1920, a aprovar uma lei antissemita seguida por uma série de leis semelhantes, cada vez mais severas, privando os judeus húngaros de cada vez mais direitos; o estado que enviou para a morte vinte mil pessoas incapazes de certificar sua cidadania húngara; o estado cujos gendarmes e soldados assassinaram vários milhares de civis em Novi Sad no inverno de 1942-43; o estado que sacrificou duzentos mil soldados em uma guerra sem sentido, enquanto algumas de suas unidades de ocupação no exterior cometeram uma série de crimes de guerra contra a população civil. Os membros da Academia Húngara de Ciências condenaram unanimemente a mensagem sugerida por este monumento, rotulando-o como uma tentativa de reescrever a história. "


A águia maldosa nazista usurpando a maçã da pobre coitada Hungria, mas a história não foi bem assim ...

A Hungria apoiou Hitler formalmente a partir de 1940, soldados húngaros invadiram a Iugoslávia e a União Soviética tendo grandes perdas em Stalingrado. Vendo que estavam do lado errado, e já no fim da guerra em 1944, tentaram um armistício com os aliados. Em resposta a isso, Hitler iniciou a Operação Margarethe invadindo a Hungria e colocando, aí sim, os Flechas Cruzadas no poder. Iniciou-se uma severa perseguição aos judeus e ciganos (estima-se que entre 10 e 15 mil civis foram mortos), 80 mil judeus foram deportados para campos de concentração na Áustria nesse período.

Monumento em homenagem aos milhares de judeus e opositores do regime que eram colocados na margem do Danúbio e fuzilados pelos nazistas.


Em março de 1945 o Exército Vermelho "libertou" a Hungria do regime autoritário e iniciou outro período de ocupação, pelo apoio à Alemanha, fizeram questão de devastar o país com infra estrutura colapsada. O saldo da guerra foi de 300 mil soldados e 600 mil civis mortos, além disso os traumas persistem até hoje e se seguiram décadas de ocupação soviética.

Iniciou-se assim o regime comunista húngaro de 1945 a 1991. Apesar da URSS ter libertado a Hungria das mãos dos alemãs, nada mais foi que uma troca de ocupantes no poder, o período foi de repressão política, controle ideológico, presença militar contínua e transformações socioeconômicas profundas. Mesmo perdendo as eleições de 1945 o Partido Comunista gradualmente chegou ao poder, em outubro de 1956, a população se rebelou contra o regime e foi violentamente reprimida com uma invasão de tanques soviéticos nas ruas de Budapeste e combates sendo travados nas suas esquinas... cerca de 10 anos mais tarde esse movimento influenciaria a primavera de Praga (outro movimento similar). 

Monumento aos mortos caídos após a revolta de 1956

Em 1989 as tropas soviéticas começaram a se retirar, em 1991 formalizou-se a retirada dando início a república democrática e a uma economia de mercado, o capitalismos floresceu de forma feroz. Atualmente a ocupação da capital Budapeste é formada por hordas de turistas que buscam conhecer um pouco da beleza e da história desse povo. 




quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Viajar é atravessar o tempo: a história que vive em cada esquina.

Uma das maiores forças que impulsionam o turismo é a diversidade cultural que existe no mundo. Cada língua, prato típico, costume ou religião carrega marcas de acontecimentos que moldaram aquele lugar — muito antes de nossa chegada.

E não estamos falando apenas de grandes eventos históricos, como visitar a Sala dos Espelhos onde foi assinado o Tratado de Versailles, o castelo da Defenestração de Praga ou o salão onde Mozart se apresentou pela primeira vez. A história também vive nos detalhes menos óbvios.

 A arquitetura local, por exemplo, é um reflexo direto do passado. Ela revela como os povos usaram os materiais disponíveis, se adaptaram ao clima e até encontraram formas criativas de pagar menos impostos aos governantes da época. Cada construção tem uma razão de ser — e uma história para contar.

A gastronomia também é um livro aberto. Sabores como o goulash húngaro, o Cury indiano ou o acarajé baiano são testemunhos vivos de tradições, trocas culturais e até conflitos. Já ouviu falar da “guerra do croissant”? Pois é, até os pães têm seus embates históricos.

Religiões e crenças deixam marcas profundas. É comum encontrar igrejas transformadas em mesquitas, templos que viraram museus, ou festivais que misturam rituais ancestrais com celebrações modernas. Cada transformação carrega camadas de significado.

Viajar é mais do que deslocar-se fisicamente — é atravessar o tempo.
É um convite à reflexão, ao respeito pelo passado e à inspiração para o futuro. É entender que cada esquina tem algo a ensinar, e que o mundo é um mosaico de histórias esperando para serem descobertas.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Conhecendo o Peru - Parte 3: Lima de 3 a 4 dias

 Lima é uma capital típica da América do Sul, contrastes, transito caótico mas por fim acolhedora. O clima é quase um desértico apesar das nuvens densas que ficam sempre no céu, o índice pluviométrico é baixíssimo.

Com 3 dias você resolve as questões práticas (chip, câmbio, espanhol), tem tempo para passear pela cidade, saborear a culinária peruana e aproveitar as duas horas de fuso horário atrasado (a seu favor) para se recuperar da viagem de vinda e chegar descansado nas outras etapas da viagem.

Lima não é uma cidade pequena, tem 10 milhões de habitantes (dos 34 milhões de todo o Peru), é a segunda maior da América do Sul, sendo maior que Rio, Buenos Aires, Bogotá e só perdendo para São Paulo.

35% da população do Peru mora em Lima, pra se ter uma ideia da disparidade, a segunda maior cidade do Peru é Arequipa que tem cerca de 940.000 habitantes, ou seja ... Lima é 10 vezes maior !

Onde ficar

Lima é formada por algumas regiões independentes, entenda como bairros politicamente independentes mas isso pouco importa na hora de escolher, mas a medida que você está saindo do aeroporto e indo para o seu destino pode ficar um pouco confuso vendo, sistemas de coleta de lixo, organização de transito e etc bem diversos em lugares próximos e dentro da grande Lima. Os bairros mais charmosos para se hospedar são San Isidro e Miraflores, ambos relativamente bem localizados em relação ao centro histórico e ao litoral. O bairro de Barranco é um pouco mais longe, porém segue sendo uma ótima opção e é um bairro mais descolado.

A chegada

Logo depois da imigração no aeroporto de Lima você passará por uma sala onde estão os guichês das locadoras, dos remisses (que são os trânsfers pré-contratados junto aos hotéis) e de um “táxi oficial”.

Pré-contratar um trânsfer com o seu hotel é uma boa; costumam cobrar 20 dólares pela corrida até 3 passageiros e incluem na conta (normalmente os hotéis oferecem esse trânsfer por email, ao confirmar a sua reserva, mesmo as feitas pelo Booking. 

Se o seu hotel não oferecer trânsfer, ou você estiver num Airbnb (ótima opção em Lima), você também pode reservar um transfer online pela TaxiDatum, que também cobra 20 dólares em carro particular para até 4 pessoas.

Caso você não tenha pré-contratado o transfer, passe reto para o saguão do desembarque e não caia na furada dos "táxi oficiais", são caríssimos (prá lá de US$50 até Miraflores ou San Isidro). No saguão de desembarque no lado esquerdo você encontra o guichê do Taxi Green, essa Cia detém a concessão de táxi comuns no aeroporto de Lima, ali você compra uma corrida tabelada que varia entre 55 e 60 Soles para Miraflores ou San Isidro. O serviço é seguro, os carros relativamente novos e aceitam cartões de crédito e débito. Outra opção é o Uber ou Easytaxi, veja o que sai sai mais barato na hora. 

Sinceramente eu gosto de fazer a ambientação dos lugares onde chego de uma forma minimamente segura e barata, então eu mesmo optei pelo Green Taxi.

Não se assuste se a saída do aeroporto parecer caótica e feia, a maior parte das cidades é assim mesmo, lembre-se você está num típico país de terceiro mundo, que já foi espoliado e que teve uma política conturbada, uma economia cambaleante e disparidades sociais gravíssimas, visitar um país e entender sua alma vai muito além dos pontos turísticos. Viver e ver todos os aspectos do lugar onde estamos visitando torna a viagem mais rica e cheia de propósitos.

O que fazer e que estratégia seguir no primeiro dia

Lima tem restaurantes sensacionais, um museu a céu aberto, coisas interessantíssimas e uma orla que vale a pena, podemos fazer praticamente tudo a pé ! Com deslocamentos maiores de táxi ou Uber.

Em geral os vôos saindo do Brasil chegaram em Lima por volta da hora do almoço, dá tempo de sobra pra já bater uma perninha assim que sair do aeroporto e deixar as malas no hotel. Minha sugestão é preencher esse primeiro dia com algo leve e que já dar uma degustação do que vem pela frente, o maravilhoso Museu Larco é muito bem organizado com uma arte pré colombiana, conhecendo ele logo de cara, o que vem pela frente fica de mais fácil compreensão. Fica num casarão confortável e muito bem organizado, relativamente longe das outras atrações de Lima e por isso é bom destacá-lo do resto no dia da chegada. O Museu Larco revela é a evolução da civilização no Peru até o breve período em que os incas unificaram os Andes sob seu império.
Há galerias dedicadas às diferentes culturas que antecederam os incas, explicando suas contribuições. O acervo é dividido em galerias por material — ouro, prata, têxteis, cerâmica. A mais cobiçada das salas é a galeria de cerâmica erótica — mas acredite, trata-se apenas de uma curiosidade; o museu já seria totalmente imperdível mesmo sem essa seção.
Aproveite e coma no restaurante anexo ao museu que é maravilhoso !!! Não vou entrar em muitos detalhes sobre a culinária peruana com dicas de restaurantes porque praticamente tudo o que comi foi sensacional, mas não pode deixar de aproveitar o nível do mar para provar as bebidas alcoólicas porque na altitude isso pode ser um problema, então prove um Chilcano que é outro drink de Pisco, não tão famoso e que leva ginger ale, suco de limão e angostura, achei forte e prefiro Pisco Sour mas .... a hora de provar é agora!


Para a noite do primeiro dia aproveite para ir ao Barrancouma antiga vila de pescadores que atualmente é um bairro boêmio, Seguir a Avenida San Martin até a Plaza de barranco e ver os murais de Jade Rivera e a ponte dos suspiros, faça um pedido e atravesse a ponte sem respirar, se sentir um pouco de falta de ar nesse momento é melhor consultar um médico antes de ir pra altitude! Pra terminar a noite busque algum bom restaurante por lá mesmo, o Isolina entrega o que promete mas costuma ficar cheio e é melhor reservar, o Astrid Gaston é um dos mais badalados da cidade e conhecido internacionalmente.

Segundo dia 

Para o segundo dia prepare-se para caminhar pelo centro da cidade, o Centro Histórico de Lima é patrimônio da humanidade desde 1991 e pelos seus palácios concentram-se uma parte importante da história do país e da América do Sul, todo o modelo colonial europeu nas américas foi criado com base no que o Peru tinha a ser explorado. São centenas de ruelas que nos levam ao tempo de colônia e vice-reinado, são 608 monumentos tombados pela UNESCO. Não deixe de ir na Plaza de Armas, na Catedral de Lima, no seu prédio vizinho o Palácio Arquiepiscopal, no Palácio de La Union, no Palácio Municipal e do Governo. Desses só a catedral é do período colonial, os demais mantém uma arquitetura colonial mas são do início do século XX pois entre as décadas de 20 e 40 estava em voga a arquitetura neocolonial com belos balcões de madeira entalhada.



Apesar da Plaza Central ser um marco, não comece por ela... vá na Jirón de La Union que é uma rua de pedestres e veja a Iglesia Nuestra Señora de la Merced, de estilo barroco com vários altares em madeira e lindas esculturas e uma cruz que dizem que faz milagres a quem ora aos seus pés. Na porta dessa igreja as 11:00 sai um tour a pé gratuito 

A partir disso, não é preciso se preocupar muito com o que ver pois o recorrido é bem completo:
  • Jirón de la Unión
  • Casa Bernardo O’Higgins — visita exterior
  • Estudio fotográfico de Eugenio Courret — visita exterior
  • Casa de Correos y Telégrafos — visita exterior
  • Casa Osambela — visita exterior
  • Iglesia de Santo Domingo – visita interior
  • Plaza de Armas
  • Cambio de Guardia — opcional
  • Bar Cordano — opcional
  • Casa de la Literatura Peruana – visita interior
  • Degustación del Pisco — opcional
  • Parque de la muralla colonial
  • Iglesia de San Francisco — visita exterior

Além desses eu iria ao Museu Convento Santo Domingo

Quando eu visitei o centro histórico ele estava fechado boa parte da manhã para o funeral do ex-presidente Alberto Fujimori, cheguei a seguir esse passeio a pé por um tempo pois e seguia praticamente tudo o que eu já tinha marcado previamente de conhecer, porém me perdi da guia no meio da confusão do funeral, acabei fazendo tudo por conta própria sem maiores problemas, incluí a Plaza Peru e a Plaza San Martin no meu roteiro mas sinceramente essa última não tem muita graça. Almocei um butifarra no Cordano, que é um bom bar bem tradicional e ali bebi pela primeira vez algo que adorei e usufruí até o fim da viagem a Chincha Morada que é uma bebida não alcóolica feita de milho roxo.

Terceiro Dia 

Para o terceiro dia é importante acordar bem cedo, as coisas em Lima costumam abrir tarde (por volta de 10:00) mas é possível fazer um passeio cedo e tomar um café da manhã na rua mesmo. Vá direto para o coração do bairro de San Isidro para umas caminhada leve no meio de 1.500 oliveiras, o parque El Olival é único, lindo e no meio de um bairro charmoso, o Hotel Sonesta fica numa extremidade do parque, então é por lá que começamos uma caminhada bem cedinho, por volta das 8:30 com um friozinho da manhã com destino a outra extremidade do parque na Calle Victor Maurtua 225, também em San Isidro, a região parece um Oásis urbano.

Depois, um outro oásis, mas dessa vez histórico, encravado entre Miraflores e San Isidro o Huaca Pucllana é uma pirâmide gigante construída com tijolos de argila entre 200 e 700 DC pela cultura lima, a construção impressionante passou séculos escondida e já foi usada até como pista de motocross até ter seu interesse histórico descoberto depois que a urbanização da cidade já havia começado. O passeio é obrigatoriamente feito por um guia do local e dura 40 minutos, leve boné e protetor solar !! Ah quem diga que é um monte de pedras velhas, se você pensar assim, seu lugar não é o Peru. Você estará literalmente pisando na história, toda uma cultura foi construída ao redor dessa magnífica pirâmide.

Saindo da Huaca Pucllana, pegar um taxi para o Malecon de Miraflores que é uma espécie de aterro do Flamengo na região costeira e que tem 15 parques num complexo com uma bela vista do pacífico. Toda a região tem uma ciclovia e eu optei por alugar uma bicicleta e conhecer tudo em cerca de 1 hora e meia, aí o taxi tem que ir para o Módulo Mirabici no Parque Alfredo Salazar, além desse parque se seguirmos em direção ao norte, passamos pelo Maria Reiche, Farol da Marinha, Parque Chinês, Parque del Amor, voltando para devolver a bicicleta podemos ir caminhando alguns metros até o Shopping Larcomar, que além se ser um porto seguro depois de um dia cheio, é muito bonito construído na encosta, com muitos espaços abertos com vista para o mar.

Para quem está com crianças, ainda dá pra correr pra pegar um taxi em direção ao Parque de la reserva onde o Circuito Mágico das águas é uma espécie de parque xangai peruano, uma mistura de belo e brega. Como já será início da noite e tem muito spray de água envolvido é bom levar um casaco.

 Um possível quarto dia

Não há muito mais o que fazer em Lima num dia extra, e se não for a preparação para a segunda fase da viagem com um avião para Cusco, Puno (via Juliaca), Arequipa ou Nasca. Vá para um bate e volta em outro achado arqueológico monstro, o Pachacamac, além disso o Vale do Ica possui, oásis no deserto com vinícolas lindas.




Museu Larco
  • Endereço: av. Bolívar, 1515, Pueblo Libre

  • Horário: diariamente 9h-22h

  • Ingressos:

    • inteira: 30 soles

    • 9 a 14 anos: 15 soles

    • até 8 anos: grátis

    • 60+: 25 soles

  • Site oficial

Iglesia Nuestra Señora de la Merced

Jirón de la Unión 621, Lima 15001, Peru

Tour gratuito pelo centro histórico


Huaca Pucllana 

General Borgoño, quadra 8
de 4a a 2a das 9:00 às 17:00 - 12 soles
de 4a a domingo das 19:00 às 22:00 - 15 soles

Aluguel de biciclena no Malecon de Miraflores

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Conhecendo o Peru - Parte 2: O passo a passo

Nesse ponto aprofundamos mais algumas dicas importantes pra conhecer o Peru, se não leu o primeiro texto do Peru pode ser legal voltar e ler https://encontrandonocaminho.blogspot.com/2024/09/peru-historia-beleza-e-desafio.html 



O Peru é um país gigante, com uma história riquíssima e uma cultura diversa, possui cerca de 38 micro climas, com isso produz alimentos diversos, que combinados geram uma das melhores e mais diversificadas culinárias do mundo. Só isso aumenta em muito o leque do que se há de fazer por lá ....

Mas o Peru não é para fracos, ainda carece de uma boa infra estrutura, invariavelmente você passará pelo altiplano, e a altitude requer um esforço extra do corpo humano, numa adaptação que requer 3 semanas. Então perde-se muito tempo e para viver o lugar é preciso se desligar por completo, a não ser que sua viagem seja para tirar umas fotos, dizer que esteve lá e pronto. 

Para vencer isso tudo é preciso estudar, planejar e ter uma boa estratégia, ah! Se tudo isso der errado por um mal súbito, ou uma diarreia no hotel, é bom ter um plano B e quem sabe um plano C. 

Vamos a um passo a passo baseado na minha viagem, que foi trabalhosa mas finalizou com sucesso. 

1- Estratégia

Você pode querer surfar no litoral, comer nos melhores restaurantes de Lima, ir pra Machu Picchu, descer um rio na região amazônica peruana, atravessar o lago Titicaca, sobrevoar o deserto de Nazca, visitar museus e sítios arqueológicos para conhecer as culturas pré incaicas ou pré colombianas. Toda a estratégia vai se basear no que você pretende conhecer. Minha sugestão é um mistão disso tudo. Não se pode perder a importância da capital Lima usando-a só como uma ponte para outros lugares, Cusco foi a capital das Américas no período pré colombiano e depois dele, Machu Picchu, além de intrigante é um Patrimônio Mundial da Humanidade.... a partir dessa tríade vamos fazendo algumas variações para montar uma estratégia. 

3 dias em Lima são o suficiente para conhecer bem a cidade, por segurança colocar 4 seria ideal para visitar alguns sítios fora da cidade. 

3 dias para ir a Puno, Arequipa ou Nazca, lembrando que a partir daí estaremos no altiplano e que o corpo pode precisar de tempo para se adaptar (falaremos disso mais tarde). Essa é a parte descartável da viagem para quem quer menor esforço.

De 3 a 5 dias em Cusco (para ir na Laguna Humantay e Montanha Colorida ou fazer a trilha Inca, se você tiver disposição).

1 dia em Ollantaytambo

1 dia em Aguas Calientes 

1 dia para Machu Picchu

Mais 1 dia em Cusco e voltar por lá mesmo.

Planeje toda a viagem a partir do dia em que conseguir marcar Machu Picchu, esse é o ponto alto e imperdível e planejar tudo para que nada falhe nesse dia é importante.

2- Transportes

Em geral os voos sempre vão parar em Lima, se está na capital, porque não usufruir dela logo na chegada quando seu espanhol está esquentando para as dificuldades futuras ? Na volta não é oportuna uma parada na cidade, pensando num ápice da viagem em Machu Picchu. 

O voos são seguros, porém ao sair de Cusco é bom ter a mesma Cia aérea da conexão de Lima para o Brasil pois qualquer atraso por mal tempo ou trâmite imigratório (coisa bem comum) a Cia aérea vai dar um jeito de te encaixar num outro voo. Cheguei a ver as obras de um aeroporto internacional perto de Ollantaytambo, com certeza vai facilitar as viagens que visam conhecer Macchu Picchu mas deixar de conhecer Cusco ou Lima é uma blasfêmia. 

Dentro das cidades o custo de taxi em geral giram em torno de 10 a 20 soles por corrida, o que é bem barato para os padrões brazucas. Vi em vários sites indicação para usar o easy taxi lá pois era uma opção melhor que o Uber, sinceramente não consegui fazer o easy taxi funcionar encontrando transporte e usei o Uber e os taxis locais sem problemas. 

Recomendo bastante se for a Puno fazer um passeio de trem para Cusco (caro mas vale a pena). É de trem também a ida para Aguas Calientes, de lá existe um ônibus para o sítio de Machu Picchu e a volta para Cusco também é por trem. Todas essas viagens são caras, mas fundamentais. 

Não recomendo de forma alguma alugar carro por lá, o transito é caótico, as estradas perigosas.

3- Itens essenciais para a sua viagem

Quando falei de falta de infra estrutura, isso nem é tanto por incompetência governamental de não ter estradas tão boas (e algumas são excelentes) diante do problema climático global existem regiões do mundo com problemas crônicos de estiagem, a região de Cusco é uma delas, desde o final de 2023 a cidade sobre com a falta d'agua, cheguei a ficar 2 dias sem água na cidade, um deles sem banho... é um ponto de atenção que afeta pouco os franceses, mas para nós brasileiros beira a morte, não conseguir tomar um banho. Isso tudo foi para dizer que o primeiro item essencial da sua lista é o lenço umedecido, não somente para substituir um banho mas porque os banheiros lá (sejam onde for) não costumam ter papel higiênico e  pode estar com o agravante de não ter água. 

Diante do cenário propenso a contaminação o bom e velho frasquinho de álcool gel pode ser fundamental. 

Fora isso, prepare uma mala grande porque a temperatura varia bastante ao longo do dia, em setembro, não cheguei a pegar chuva, mas é comum noites de cerca de 4º e dias ensolarados na montanha chegando aos 21º. Ah ! A proximidade com o sol lá em cima da montanha vão fazer você precisar de um boné e um bom protetor solar e labial. Lembrando que sou carioca e estou acostumado com o sol mas o nível do mar e a maresia atenuam as coisas, por lá não é tão fácil .... 

Sobre remédios eu vou falar num outro item mas ainda nas proteções essenciais, um excelente repelente de mosquitos é fundamental em Machu Picchu. Fora isso é bom ter uma bota de trilha, um tênis confortável, não é uma viagem de glamour... é pé na estrada, poeira, enjoos. 

4- Dinheiro

Quando eu fui em setembro de 2024 um real (R$) valia cerca de 1,45 Nuevos Soles Peruanos (sol) ou seja a conversão para tudo eu fazia o valor + 50%, por exemplo se algo custa 100 Soles .... seria R$ 100 + 50%, logo R$150,00. 10 soles R$15,00. 70 soles = R$105,00

Esses cartões internacionais funcionam bem lá mas você vai precisar  ter moeda na mão (coisa que eu não estava nem mais acostumado a ter). Fazer câmbio no Brasil é muito dificil, logo espere para fazer cambio por lá mesmo (em dólares). 

Logo no aeroporto, entre as esteiras de bagagem e a imigração você encontra um caixa automático da GlobalNet (não-recomendado: o limite por saque é baixo, 400 soles, e a tarifa é alta, 14,50 soles) e também o guichê da casa de câmbio, que fica aberto 24 horas.

Mesmo com a comissão de 3% cobrada pela casa de câmbio, é melhor usar os seus serviços. Troque ali 100 dólares, só para ter os primeiros soles no bolso e conseguir pegar um taxi para sair do aeroporto. Depois você terá tempo de ir numa casa de cambio melhor na Av. Pardo em Miraflores ou na Av. Larco (que ficam abertas aos sábados até 14:00). Existem os cambistas autorizados com jaleco, que ficam pela rua em frente ao Parque Kennedy que costumam ter uma cotação melhor que as casas de cambio. É isso mesmo, troca o dinheiro na rua! Eu preferi sempre sacar com o cartão internacional, o Scotiabank tem uma taxa menor num cambio razoável de dolar para soles, mas o melhor é a Caixa Nacional (Banco de la Nacion) que não cobra taxas, por isso é comum ver umas filas na porta, nada impactante!

5- Quanto levar?

Eu sempre parto da premissa, sem maiores erros seja para a Europa ou América do Sul, de um custo diário de US$100 por dia com passeios, comida, compras e alguma eventualidade. Tirando a passagem aérea e a hospedagem (que é barata por lá). O seu orçamento entra muito bem nesse calculo. Eu apertei um pouco para caber em US$80/dia e consegui!

6- Saúde

Sem dúvidas que o maior inimigo do turista no Peru seja a altitude, mas além disso o clima seco por vezes vai deixar os alérgicos com alguns problemas mas nada se compara ao mal da altitude !! O ideal é consultar um médico antes de ir, ter uma preparação física eu diria que seja irrelevante para estar apto a uma altitude de mais de 2.500 metros, o mal da altitude não funciona bem assim, pessoas bem fisicamente podem sofrer enquanto sedentários passam imunes, o que não quer dizer que numa outra viagem isso se mantenha. O desafio da montanha tem muito mais a ver com capacidade pulmonar, hemácias e qualidade delas do que com aptidão física, óbvio que é bom ter disposição para andar, subir escadas, acordar cedo, dormir tarde... quem tem vida ativa passa tranquilo. Como eu sou hipertenso e estava com a pressão descontrolada antes de ir fui cuidadoso com isso, e consultei muito a minha médica antes de ir tendo planos A e B para os remédios, estudando sobre chá locais, a famosa Soroche Pills e até hospitais próximos de onde ia ficar hospedado, quando você esta passando mal não consegue pensar muito e ter isso tudo a mão é fundamental. Obviamente, levei meus remédios de pressão e um outro mais forte que usaria na altitude (mas exatamente ele me causou reações adversas assustadoras). Tive que levar um medidor de pressão e outro item fundamental que estava guardado no armário desde os tempos da COVID, um oximetro ! Oxigenação menor que 70% corra pra um hospital, ou algum suprimento de oxigênio urgente. 
Em geral os hotéis tem balões de oxigênio, procure se informar antes de ir.... existem as latinhas de oxigênio que você compra em qualquer farmácia e que quebram um galho. A tal soroche pills nada mais é que um Ácido Acetilsalicílico  (AAS) com cafeína. Nada do outro mundo e que muita gente toma indiscriminadamente sem fazer efeito algum, eu não podia por conta da minha pressão e cheguei a ver umas marcas que me dava a sensação de serem placebos. De qualquer forma dá pra sair do Brasil com remédios para dor de cabeça melhores, Doril por exemplo.
Falam muito para mascar folhas de coca, eu já tinha tomado chá de coca em Bogotá e acho que me fez bem, porém no Peru logo peguei a dica com uma senhorinha de Puno (3.500 m), chá de camomila com muña (essa sim uma erva local). Me deu alguns alívios. Passei mal de forma séria só no dia que troquei meu remédio de pressão, de resto umas leves tonturas e um cansaço um pouco maior que o normal, que não me impediram de fazer nada que eu queria.

Dicas para enfrentar a altitude: 

  • Consultar um médico para fazer um check up antes da viagem e colocar a saúde em dia. 
  • Subir aos poucos (melhor fazer aclimatação em lugares de 1.500m antes de partir para os 3.400 de Cusco ou 3.800 de Puno) se for possível.
  • Beber muita água ... muita mesmo (de 2 a 3 litros) ! Antes de sentir sede...
  • Evitar alimentos muito condimentados e gordurosos. 
  • Evite esforço grande no primeiro dia em altitude elevada.
  • Mesmo que já esteja aclimatado diminua o ritmo, aproveite conscientemente cada inspiração e expiração, suba escadas devagar, não dê bobeira na beira de precipícios, caminhe relaxado, intercale dias mais tranquilos com dias cheios e que demandem muito esforço. Evite beber muito álcool. 

Desde 2022 o Peru não exige mais vacinação de febre amarela para brasileiros, porém essa resolução da MINSA (o ministério da saúde  peruano) pode ser que mude, então é bom consultar antes.

Ah ! Não esqueça de um bom seguro viagem e entenda bem as cláusulas dele antes de ir 

7 - Documentos para se entrar no Peru

O Peru não exige visto de brasileiros, no entendo é sempre bom levar o passaporte (principalmente para ser carimbado em Machu Picchu!). Houve um tempo em que turistas precisavam de uma declaração jurada para entrada no país, uma resolução de outubro de 2022 acabou com isso.

8- Comunicações

Habilitei meu chip da Claro com o passaporte Americas, funcionou super bem nas áreas mais remotas, o mesmo acontece com a Vivo, outras operadoras eu não posso dizer, mas em geral a rede de celular é boa.

9- Estratégia da viagem

Além das questões de saúde, esse é um ponto importantíssimo para definirmos o que queremos conhecer. Sou da idéia de elevarmos a viagem de forma gradual, assim o ápice fica sendo Machu Picchu (quando estamos melhor adaptados com a altitude e menos cansados). 

De fato, Machu Picchu, a 2.400 metros do nível do mar, é bem menos elevada que Cusco, que está a 3.400 metros. Por isso, o soroche, ou mal de altitude, é menos comum em Machu Picchu do que em Cusco.

Saindo direto do aeroporto de Cusco para Machu Picchu é possível não sentir os efeitos da altitude na chegada, o problema dessa estratégia é que ela apenas adia o mal-estar para quando você vier de Machu Picchu para Cusco, e do ponto de vista da viagem gradual é como começar o jantar pela sobremesa. 

10- Furadas

Ao mesmo tempo que existem paisagens maravilhosas, coisas interessantíssimas, museus, restaurante fabulosos, o Peru guarda como todos os países, lugares que são furada certa e recantos pega turista. Deixei de ir a alguns pois entendia que seria longe, contra mão em lugares completamente inóspitos para ver uma pedra que em algum momento da história serviu de tampa de um templo sagrado que não está mais em pé. 
A região de Puno é muito pobre, o caminho por terra indo em direção a Bolívia é recheado de sítios arqueológicos interessantíssimos, porém tem um tal de templo da fertilidade que é formado por pedras em formato fálico e que sinceramente é muito esforço pra pouco resultado, se quiser ver coisas assim, existem sexy shops nas cidade maiores. 
A Laguna Humantay é deslumbrante mas fazem os pulmões trabalharem em dobro, as condições climáticas podem mudar repentinamente e pode ser até que o passeio seja cancelado no meio. Existem Lagunas tão belas quanto a Humantay e que são menos badaladas. 
Montanha das 7 cores, é um passeio relativamente novo porque a montanha é nova ! Peraí que eu explico, a montanha com certeza já está lá há um bom tempo mas o degelo recente dela é um evento causado pelo aquecimento global, ou seja pra começar é um espetáculo causado por um triste evento. É legal ver no youtube alguns vídeos de furadas nessa montanha, também exige um esforço com alguns riscos e muitas vezes o tempo está fechado ao chegarmos lá. Existem montanhas similares na Bolívia e no norte da Argentina (Jujuy).

11 - Contratar ou não um guia

Eu sempre opto por estudar minimamente todos os lugares que pretendo ir, uma viagem ao Peru requer muitos estudos devido a riqueza de sua história, e aí podem contabilizar algumas noites de sono. Se muitos livros de história, ou guias turísticos divergem de muita coisa, imagine um guia local que sempre tem uma tendência a fantasiar as coisas ? Lendo e estudando as coisas já notei muita história contada errada pelos guias turísticos. Aí vem outro ponto que detesto, excursões com guias das empresas, pode ser chatice da minha parte mas sempre prefiro os guias autônomos locais, eles costumam ter uma visão de um morador local, dar dicas de coisas mais baratas e sem aquela visão pega turista. No Peru é bem comum encontrar guias locais na entrada as atrações, logo você não precisa ficar preso a um único guia o tempo inteiro e nem precisa dos mínimos detalhes das explicações a cada monumento. Eu sugiro uma visita com calma e um guia na Catedral de Lima, o Huaca Pucllana já é obrigatoriamente uma visita guiada, no Qoricancha e Sacsayhuamán em Cusco e em Machu Picchu. Eu já sabia praticamente tudo que os guias foram falando em todos esses lugares, mas foi ótimo confirmar algumas coisas a partir da opinião de pessoas simples e locais. O respeito pelo trabalho dos guias e a interação com eles pode ser uma experiência muito rica.

12- O que estudar pra não chegar de bobo no Peru

Conhecer minimamente as história dos lugares é fundamental, no Peru é bom dar uma lida rápida sobre a geografia, o mais alto lago do mundo e um país que vai do clima desértico a uma floresta equatorial e a umas das das maiores cordilheiras do mundo e que tem diversos microclimas merece um tempinho de estudo. 

É comum as pessoas simplificarem o estudo da história do Peru ao período dos Incas, realmente a sua cultura é um estudo fascinante mas você vai notar que a cultura Inca ainda esta presente em cada esquina, existem diversas culturas pré incaicas tão interessantes quanto! É bom ler sobre as lendas Incas como a da Viracocha e o modelo político administrativo que usavam, entender sobre o Sapa Inca, sobre a festa do sol, sobre a cultura pré incaica dos Nazca, Paracas, Chimu, Chavin. Entender como era feita a produção de alimentos e a distribuição do mesmos. Depois é hora de entender como Pizarro subjugou o império que enfrentava uma guerra civil e como a Espanha colonizou extraindo ferro e prata mas principalmente adaptando a fortíssima cultura local para fazer nascer ali uma nova civilização. Depois é importante ler sobre Tupac Amaru e sua revolta que influenciou outras tantas revoluções pelo mundo afora (da Inconfidência Mineira até os Tupamaros da década de 70 no Uruguai), por fim entender a conturbada política peruana no século XX com olhos para o grupo terrorista Sendero Luminoso. Viver a viagem antes de ir e reviver quando voltar cheios de histórias e lembranças vai com certeza enriquecer sua vida !