Rio é história - das invasões francesas aos governos militares o Brasil passou por aqui - Parte 1
É dia de acordar bem cedo para um passeio
a pé começando na praça da República e seguindo a rua Larga e Palácio
do Itamaraty, Palácio Duque de Caxias Morro da Conceição (com refresco
no Bar Imaculada), Mosteiro de São Bento e seguindo pelos centros
culturais ( Light, Correios, França Brasil, Banco do Brasil, Marinha ),
com passeio a Ilha Fiscal e almoço no Mezzogiorno.
O roteiro foi dividido em 2 para que se possa ter tempo para visitações mais detalhadas, mas nada impede de uma passagem mais rápida basta ter disposição...
Praça da República - aqui em 1889, Benjamin Constant requisitou a Marechal Deodoro da Fonseca que proclamasse a república, é possível ver a casa em que o segundo residia, a praça da república em frente é bonita porém um pouco mal cuidada, é rodeada por prédios históricos como o Quartel General dos Bombeiros, onde funciona um interessante museu da corporação. Em reforma temos o antigo prédio do Arquivo Nacional e o novo, onde funcionava a Casa da Moeda, porém histórico mesmo e pouco conhecido é o Palácio do Conde dos Arcos, residência do último vice -rei do Brasil, com a chegada da família real portuguesa em 1808 o cargo de vice-rei perdeu sua função e o prédio serviu para abrigar parte da corte, em 1824 transformou-se no Senado Imperial e posteriormente Senado Federal até 1925, graças a isso importantes documentos da nossa história foram concebidos nessa casa que hoje abriga a Faculdade de Direito. Atravessando a Avenida Presidente Vargas vemos a Central do Brasil e o Palácio Duque de Caxias, daí é possível chegar a ...
Av. Marechal Floriano - antiga rua larga, que já em 1632 era o acesso aos portos do Valongo e ao Morro da Conceição, posteriormente abrigou armazéns de escravos, e currais e estacionamento de bondes que funcionava onde hoje encontramos ...
Centro Cultural da Light - um moderno centro cultural funciona no belo galpão que servia a Companhia de Carris Urbanos.
Palácio do Itamaraty - o prédio de estilo néo clássico foi a sede do primeiro governo republicano e posteriormente ministério de relações exteriores.
Descendo a Av. Marechal Floriano ainda é possível ver o ......
Colégio Pedro II - num belo casarão reformado por
Grandjean de Montigny, nesse colégio estudaram expoentes como: Joaquim Nabuco, Barão do Rio Branco, Visconde de
Taunay, Washington Luis, Rodrigues Alves, Nilo Peçanha,
Hermes Fonseca, Paulo de Frontin, Raul Pederneiras,
Manuel Bandeira,
Afonso Arinos de Melo Franco, Mário Lago, Gilberto Braga e outros
mais. Caminhamos mais um pouco até chegar na subida do Morro da Conceição perto da Rua do Acre, se a fome apertar na esquina com a Rua Uruguaiana um honesto sanduíche no Bar Paladino pode resolver. Mais a frente é possível ver a Igreja de Santa Rita de Cássia e o prédio da Casa da Moeda.
Morro da Conceição - foco primário da ocupação portuguesa na cidade, Rua do Jogo da Bola e a Ladeira João Homem mostram uma arquitetura simplista portuguesa, além disso é possível ver o Palácio Episcopal, atualmente ocupado pelo Serviço Geográfico do Exército e a Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição.
Curiosamente os bispos tiveram que sair de perto da vizinhança bélica, se mudando para a Glória, porque o barulho das salvas de canhão atrapalhavam a missão espiritual.
Escondido nos becos de um Rio esquecido, o Morro da Conceição tem valor histórico incalculável, aqui começamos a ver um Rio francês pois sua fortaleza foi idealizada durante a invasão dos mesmos em 1711 pelo corsário René Duguay- Trouin.
Ainda é possível ver a Igreja de São Francisco da Prainha e em sua face oposta podemos encontrar o Observatório do Valongo e seus Jardins Suspensos, onde se estabelecia um armazém de escravos até se prestar ao mundo da ciência no século XX. Descendo pela Rua do Jogo de Bola chegamos à Pedra do Sal, que antes dos diversos aterros que a região sofreu, era um cais de navios negreiros vindos da África, devido a isso, a região abrigava um recém descoberto cemitério de negros que vinham debilitados da travessia trans-oceânica. A região também abrigava um grande mercado negreiro e vivia uma efervescência e miscigenação cultural marcante. Era um local conhecido como a Pequena África, teve de centros de candomblé a ponto de encontro de estivadores baianos, nas suas ladeiras criaram-se as primeiras rodas de samba e daí os entrudos que mais tarde formariam a base para as atuais escolas de samba. Hora de um refresco, na ladeira João Homem é possível curtir um típico boteco carioca, o
Bar Imaculada.
Praça Mauá - descendo o Morro da Conceição em direção a Praça Mauá, é possível ver o
Porto do Rio numa construção Neo Clássica linda. Futuramente daqui, será
possível seguir pelo Porto Maravilha, ir a Cidade do Samba ou ao Museu
do Amanhã. Do lado oposto ao porto vemos o Prédio A Noite, que abrigou o jornal de mesmo nome e a mítica Rádio Nacional de onde foram transmitidas as radionovelas que enriqueceram o imaginário do brasileiro e foram responsáveis pelas matrizes que formam hoje o Rádio e a TV brasileiras com música, a informação, o humor, a dramaturgia, o esporte e os programas
de auditório. O edifício de 1930 foi o primeiro Arranha Céu do Rio com o equivalente a 30 andares, em sua época, foi o maior do mundo construído em concreto armado. Seguindo para a Avenida Rio Branco (antiga Avenida Central), a principal marca da reforma urbana realizada pelo prefeito Pereira Passos no início do Século XX, inspirada nos Bulevares francesas do Barão Haussmann, tentou ser uma cópia da Champs Elyseé quando da sua abertura em 1905. Seus prédios originais tinham estilo eclético e alguns poucos ainda podem ser vistos. A idéia é ir cortando a Rio Branco em pontos específicos, logo vamos seguir a esquerda para o Morro de São Bento.
Morro de São Bento - assim como o Morro da Conceição, ao lado, essa elevação foi importante para a proteção e vigília da cidade no Brasil Colonia, em 1590 monges beneditinos construíram um mosteiro que se tornou um dos mais importantes exemplos de arte colonial do Brasil, o
Mosteiro de São Bento funciona num prédio Maneirista começou a ser construído em 1633 e seu interior de talha dourada resumem o estilo barroco encontrado por todo o país. Aos domingos uma missa com cantos gregorianos atrai turistas, curiosos e até católicos! Seguindo pelo Arsenal de Marinha nos deparamos com a imponente Igreja da Nossa da Candelária.
Igreja da Candelária - uma tempestade quase teria feito naufragar um navio chamado
Candelária,
no qual viajavam um casal espanhol viajava.
O casal teria feito a promessa de edificar uma ermida dedicada a Nossa Senhora da Candelária
se escapassem com vida. Aportaram no porto do Rio em 1609 e a promessa foi cumprida, depois disso sofreu uma monumental ampliação até que em meados do século XIX teve seu desenho como o atual, um dos grandes problemas arquitetônicos que teve foi o fechamento da cúpula com a tecnologia da época. Curiosamente a Candelária parece estar de costas para a via principal da cidade, a Avenida Presidente Vargas, porém é só lembrar que na época de sua construção a porta de entrada do Rio era o mar, logo fica provado que está no lugar certo. Existe uma lenda urbana de um projeto de se congelar as bases da igreja para uma rotação, mas esse projeto realmente existiu para a Igreja de São Pedro que foi demolida quando da construção da Avenida Presidente Vargas.
Mezzogiorno - a parada para um almoço tardio é imprescindível agora a boa sugestão fica atrás do Centro Cultural Banco do Brasil, comida italiana de primeira, Mezzogiorno, Rua do Mercado número 51, é só subir as escadas do belo casarão e relaxar com o couvert, prato de massa, um bom vinho e a sobremesa. De lá para o Centro Cultural da Marinha primeiro para poder fazer o passeio a Ilha Fiscal a tempo.
Centro Cultural da Marinha - tem um ótimo passeio a Ilha Fiscal de 5a feira a domingo. Horários: 12h30, 14h e 15h30. Por isso é bom pensar bem no dia de fazer esse roteiro, ao chegar no local o ideal e arranjar logo os bilhetes para o passeio e depois conferir o resto do acervo. A Ilha Fiscal tem um Castelo Neo Gótigo conhecido como a jóia da coroa imperial brasileira e por isso foi nele que ocorreu o último baile do impérios, dias antes do fim dessa era. Durante muito tempo o prédio da Ilha dos Ratos serviu para o controle alfandegário dos barcos que adentravam o porto do Rio, daí seu nome.
Voltando ao Centro Cultural, é possível fazer também um passeio pela Baía de Guanabara a bordo do rebocador Laurindo Pita, além disso é possível ver a Galeota D. João VI do século XIX, o Submarino Riachuelo, a Nau dos Descobrimentos, o Helicóptero
Museu e o Navio-Museu Bauru, um contra torpedeiro-escolta que participou da Segunda
Guerra Mundial. Voltando ao largo dos centro culturais, é melhor seguir uma ordem para evitar o fechamento deles, então a idéia é ir primeiro ao ...
Centro Cultural dos Correios - num prédio de estilo eclético, é sempre possível ver uma boa exposição ou show, ao lado dele temos outro grande marco da arquitetura do início do século XX.
Centro Cultural dos Correios
Casa França Brasil - em estilo neoclássico, o prédio mantém exposições temporárias que pode ser interessantes.
Mandado erguer em 1819
por D. João VI
ao arquiteto Grandjean de Montigny, integrante da Missão Artística Francesa, esse prédio veio a ser o primeiro do estilo neoclássico no Rio que, a partir daí, invadiu a cidade, alterando o barroco e o estilo de casas coloniais para dar um tom mais cosmopolita bem ao estilo europeu. Nascia aí um Rio para o mundo! Em 1816, o literato
Joaquim
Lebreton foi incumbido de reunir artistas franceses dispostos a acompanhá-lo
ao Brasil para
constituir o núcleo de uma Academia de Belas Artes, nos moldes
da Academia
de Paris. o pintor Jean-Baptiste
Debret que fazia parte da missão foi outro expoente da missão que mudou os moldes da cultura do país, inclusive retratando-o como poucos.
Nesse prédio funcionou uma praça de comércio num momento em que o Brasil abria seus portos aos países amigos de Portugal, mas em 1821, quando o Rei D. João VI decidiu voltar a Portugal
, numa reunião à Praça
do Comércio, o povo rebelou-se,
solicitando, entre outras coisas, a promulgação de uma
constituição liberal. A
ousadia foi gravemente reprimida pelas tropas reais, com a invasão
do prédio e
o ataque a tiros e baionetas contra os amotinados. O evento fez o prédio ficar conhecido como o "Açougue dos Bragança".
Casa França Brasil
Centro Cultural Banco do Brasil - no prédio, onde funcionava a antiga sede do Banco, o centro cultural traz movimento cultural de altíssima qualidade e um acervo fixo ligado a numismática. Funciona de terça a domingo das 10:00 as 21:00 e é imperdível ver um pouco das mostras e exposições que o belo prédio neoclássico abriga. É um bom lugar para um chá, seguindo para a rua atrás do Centro Cultural podemos ver o belo prédio do TRE (futuro museu do tribunal) e seguir a Travessa do Comércio e respirar um ar nostálgico até descobrir ...
Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Pescadores - construída em 1743, com uma fachada belíssima, quando da eclosão da Segunda Revolta da Armada contra o governo de Floriano Peixoto, a sineira da igreja atingida por um tiro de canhão (25/09/1893), esse tiro derrubou uma estátua alusiva à religião , que apesar da queda de 25 metros, poucos danos sofreu, o episódio foi tido como um milagre e tanto o projétil quanto a estátua estão expostas na sacristia. Esse milagre teve ainda um episódio tido como maldição, anos mais tarde o encouraçado Aquidabã, que fez o disparo, explodiu na baía de Angra dos Reis, com 212 tripulantes, entre eles o filho do ministro da marinha, seu pai assistiu a tudo de um outro navio e nada pode fazer, as causas da explosão até hoje são desconhecidas e o naufrágio é ponto de mergulho em Angra dos Reis. Os arredores da igreja tem movimentação de bares e restaurantes até o ....
Arco dos Teles - no número 13 da rua residiu por um tempo Carmém Miranda. Aqui pode-se parar para um jantar ou happy hour, se ainda houver perna para isso...
Ao fim do conjunto arquitetônico, datado do século XVII, vemos o que restou dos arcos abatidos da residência da família Teles de Menezes, daí o nome o lugar chegou a abrigar a Camara do Vice Reinado e foi destruída por um incêndio em 1790. Em frente ao Arcos dos Teles se descortina o mais importante acesso a cidade por muitos séculos, apesar de toda a costa se coberta por pequenos portos e atracadouros, o da praça XV foi o principal até o início do século XX, por ser um local público e aberto é até possível de ser vista durante a noite, porém por ser um local deserto não seria bom facilitar que se faça uma visita detalhada no dia seguinte.