segunda-feira, 3 de março de 2025

Conhecendo o Peru - Parte 3: Lima de 3 a 4 dias

 Lima é uma capital típica da América do Sul, contrastes, transito caótico mas por fim acolhedora. O clima é quase um desértico apesar das nuvens densas que ficam sempre no céu, o índice pluviométrico é baixíssimo.

Com 3 dias você resolve as questões práticas (chip, câmbio, espanhol), tem tempo para passear pela cidade, saborear a culinária peruana e aproveitar as duas horas de fuso horário atrasado (a seu favor) para se recuperar da viagem de vinda e chegar descansado nas outras etapas da viagem.

Lima não é uma cidade pequena, tem 10 milhões de habitantes (dos 34 milhões de todo o Peru), é a segunda maior da América do Sul, sendo maior que Rio, Buenos Aires, Bogotá e só perdendo para São Paulo.

35% da população do Peru mora em Lima, pra se ter uma ideia da disparidade, a segunda maior cidade do Peru é Arequipa que tem cerca de 940.000 habitantes, ou seja ... Lima é 10 vezes maior !

Onde ficar

Lima é formada por algumas regiões independentes, entenda como bairros politicamente independentes mas isso pouco importa na hora de escolher, mas a medida que você está saindo do aeroporto e indo para o seu destino pode ficar um pouco confuso vendo, sistemas de coleta de lixo, organização de transito e etc bem diversos em lugares próximos e dentro da grande Lima. Os bairros mais charmosos para se hospedar são San Isidro e Miraflores, ambos relativamente bem localizados em relação ao centro histórico e ao litoral. O bairro de Barranco é um pouco mais longe, porém segue sendo uma ótima opção e é um bairro mais descolado.

A chegada

Logo depois da imigração no aeroporto de Lima você passará por uma sala onde estão os guichês das locadoras, dos remisses (que são os trânsfers pré-contratados junto aos hotéis) e de um “táxi oficial”.

Pré-contratar um trânsfer com o seu hotel é uma boa; costumam cobrar 20 dólares pela corrida até 3 passageiros e incluem na conta (normalmente os hotéis oferecem esse trânsfer por email, ao confirmar a sua reserva, mesmo as feitas pelo Booking. 

Se o seu hotel não oferecer trânsfer, ou você estiver num Airbnb (ótima opção em Lima), você também pode reservar um transfer online pela TaxiDatum, que também cobra 20 dólares em carro particular para até 4 pessoas.

Caso você não tenha pré-contratado o transfer, passe reto para o saguão do desembarque e não caia na furada dos "táxi oficiais", são caríssimos (prá lá de US$50 até Miraflores ou San Isidro). No saguão de desembarque no lado esquerdo você encontra o guichê do Taxi Green, essa Cia detém a concessão de táxi comuns no aeroporto de Lima, ali você compra uma corrida tabelada que varia entre 55 e 60 Soles para Miraflores ou San Isidro. O serviço é seguro, os carros relativamente novos e aceitam cartões de crédito e débito. Outra opção é o Uber ou Easytaxi, veja o que sai sai mais barato na hora. 

Sinceramente eu gosto de fazer a ambientação dos lugares onde chego de uma forma minimamente segura e barata, então eu mesmo optei pelo Green Taxi.

Não se assuste se a saída do aeroporto parecer caótica e feia, a maior parte das cidades é assim mesmo, lembre-se você está num típico país de terceiro mundo, que já foi espoliado e que teve uma política conturbada, uma economia cambaleante e disparidades sociais gravíssimas, visitar um país e entender sua alma vai muito além dos pontos turísticos. Viver e ver todos os aspectos do lugar onde estamos visitando torna a viagem mais rica e cheia de propósitos.

O que fazer e que estratégia seguir no primeiro dia

Lima tem restaurantes sensacionais, um museu a céu aberto, coisas interessantíssimas e uma orla que vale a pena, podemos fazer praticamente tudo a pé ! Com deslocamentos maiores de táxi ou Uber.

Em geral os vôos saindo do Brasil chegaram em Lima por volta da hora do almoço, dá tempo de sobra pra já bater uma perninha assim que sair do aeroporto e deixar as malas no hotel. Minha sugestão é preencher esse primeiro dia com algo leve e que já dar uma degustação do que vem pela frente, o maravilhoso Museu Larco é muito bem organizado com uma arte pré colombiana, conhecendo ele logo de cara, o que vem pela frente fica de mais fácil compreensão. Fica num casarão confortável e muito bem organizado, relativamente longe das outras atrações de Lima e por isso é bom destacá-lo do resto no dia da chegada. O Museu Larco revela é a evolução da civilização no Peru até o breve período em que os incas unificaram os Andes sob seu império.
Há galerias dedicadas às diferentes culturas que antecederam os incas, explicando suas contribuições. O acervo é dividido em galerias por material — ouro, prata, têxteis, cerâmica. A mais cobiçada das salas é a galeria de cerâmica erótica — mas acredite, trata-se apenas de uma curiosidade; o museu já seria totalmente imperdível mesmo sem essa seção.
Aproveite e coma no restaurante anexo ao museu que é maravilhoso !!! Não vou entrar em muitos detalhes sobre a culinária peruana com dicas de restaurantes porque praticamente tudo o que comi foi sensacional, mas não pode deixar de aproveitar o nível do mar para provar as bebidas alcoólicas porque na altitude isso pode ser um problema, então prove um Chilcano que é outro drink de Pisco, não tão famoso e que leva ginger ale, suco de limão e angostura, achei forte e prefiro Pisco Sour mas .... a hora de provar é agora!


Para a noite do primeiro dia aproveite para ir ao Barrancouma antiga vila de pescadores que atualmente é um bairro boêmio, Seguir a Avenida San Martin até a Plaza de barranco e ver os murais de Jade Rivera e a ponte dos suspiros, faça um pedido e atravesse a ponte sem respirar, se sentir um pouco de falta de ar nesse momento é melhor consultar um médico antes de ir pra altitude! Pra terminar a noite busque algum bom restaurante por lá mesmo, o Isolina entrega o que promete mas costuma ficar cheio e é melhor reservar, o Astrid Gaston é um dos mais badalados da cidade e conhecido internacionalmente.

Segundo dia 

Para o segundo dia prepare-se para caminhar pelo centro da cidade, o Centro Histórico de Lima é patrimônio da humanidade desde 1991 e pelos seus palácios concentram-se uma parte importante da história do país e da América do Sul, todo o modelo colonial europeu nas américas foi criado com base no que o Peru tinha a ser explorado. São centenas de ruelas que nos levam ao tempo de colônia e vice-reinado, são 608 monumentos tombados pela UNESCO. Não deixe de ir na Plaza de Armas, na Catedral de Lima, no seu prédio vizinho o Palácio Arquiepiscopal, no Palácio de La Union, no Palácio Municipal e do Governo. Desses só a catedral é do período colonial, os demais mantém uma arquitetura colonial mas são do início do século XX pois entre as décadas de 20 e 40 estava em voga a arquitetura neocolonial com belos balcões de madeira entalhada.



Apesar da Plaza Central ser um marco, não comece por ela... vá na Jirón de La Union que é uma rua de pedestres e veja a Iglesia Nuestra Señora de la Merced, de estilo barroco com vários altares em madeira e lindas esculturas e uma cruz que dizem que faz milagres a quem ora aos seus pés. Na porta dessa igreja as 11:00 sai um tour a pé gratuito 

A partir disso, não é preciso se preocupar muito com o que ver pois o recorrido é bem completo:
  • Jirón de la Unión
  • Casa Bernardo O’Higgins — visita exterior
  • Estudio fotográfico de Eugenio Courret — visita exterior
  • Casa de Correos y Telégrafos — visita exterior
  • Casa Osambela — visita exterior
  • Iglesia de Santo Domingo – visita interior
  • Plaza de Armas
  • Cambio de Guardia — opcional
  • Bar Cordano — opcional
  • Casa de la Literatura Peruana – visita interior
  • Degustación del Pisco — opcional
  • Parque de la muralla colonial
  • Iglesia de San Francisco — visita exterior

Além desses eu iria ao Museu Convento Santo Domingo

Quando eu visitei o centro histórico ele estava fechado boa parte da manhã para o funeral do ex-presidente Alberto Fujimori, cheguei a seguir esse passeio a pé por um tempo pois e seguia praticamente tudo o que eu já tinha marcado previamente de conhecer, porém me perdi da guia no meio da confusão do funeral, acabei fazendo tudo por conta própria sem maiores problemas, incluí a Plaza Peru e a Plaza San Martin no meu roteiro mas sinceramente essa última não tem muita graça. Almocei um butifarra no Cordano, que é um bom bar bem tradicional e ali bebi pela primeira vez algo que adorei e usufruí até o fim da viagem a Chincha Morada que é uma bebida não alcóolica feita de milho roxo.

Terceiro Dia 

Para o terceiro dia é importante acordar bem cedo, as coisas em Lima costumam abrir tarde (por volta de 10:00) mas é possível fazer um passeio cedo e tomar um café da manhã na rua mesmo. Vá direto para o coração do bairro de San Isidro para umas caminhada leve no meio de 1.500 oliveiras, o parque El Olival é único, lindo e no meio de um bairro charmoso, o Hotel Sonesta fica numa extremidade do parque, então é por lá que começamos uma caminhada bem cedinho, por volta das 8:30 com um friozinho da manhã com destino a outra extremidade do parque na Calle Victor Maurtua 225, também em San Isidro, a região parece um Oásis urbano.

Depois, um outro oásis, mas dessa vez histórico, encravado entre Miraflores e San Isidro o Huaca Pucllana é uma pirâmide gigante construída com tijolos de argila entre 200 e 700 DC pela cultura lima, a construção impressionante passou séculos escondida e já foi usada até como pista de motocross até ter seu interesse histórico descoberto depois que a urbanização da cidade já havia começado. O passeio é obrigatoriamente feito por um guia do local e dura 40 minutos, leve boné e protetor solar !! Ah quem diga que é um monte de pedras velhas, se você pensar assim, seu lugar não é o Peru. Você estará literalmente pisando na história, toda uma cultura foi construída ao redor dessa magnífica pirâmide.

Saindo da Huaca Pucllana, pegar um taxi para o Malecon de Miraflores que é uma espécie de aterro do Flamengo na região costeira e que tem 15 parques num complexo com uma bela vista do pacífico. Toda a região tem uma ciclovia e eu optei por alugar uma bicicleta e conhecer tudo em cerca de 1 hora e meia, aí o taxi tem que ir para o Módulo Mirabici no Parque Alfredo Salazar, além desse parque se seguirmos em direção ao norte, passamos pelo Maria Reiche, Farol da Marinha, Parque Chinês, Parque del Amor, voltando para devolver a bicicleta podemos ir caminhando alguns metros até o Shopping Larcomar, que além se ser um porto seguro depois de um dia cheio, é muito bonito construído na encosta, com muitos espaços abertos com vista para o mar.

Para quem está com crianças, ainda dá pra correr pra pegar um taxi em direção ao Parque de la reserva onde o Circuito Mágico das águas é uma espécie de parque xangai peruano, uma mistura de belo e brega. Como já será início da noite e tem muito spray de água envolvido é bom levar um casaco.

 Um possível quarto dia

Não há muito mais o que fazer em Lima num dia extra, e se não for a preparação para a segunda fase da viagem com um avião para Cusco, Puno (via Juliaca), Arequipa ou Nasca. Vá para um bate e volta em outro achado arqueológico monstro, o Pachacamac, além disso o Vale do Ica possui, oásis no deserto com vinícolas lindas.




Museu Larco
  • Endereço: av. Bolívar, 1515, Pueblo Libre

  • Horário: diariamente 9h-22h

  • Ingressos:

    • inteira: 30 soles

    • 9 a 14 anos: 15 soles

    • até 8 anos: grátis

    • 60+: 25 soles

  • Site oficial

Iglesia Nuestra Señora de la Merced

Jirón de la Unión 621, Lima 15001, Peru

Tour gratuito pelo centro histórico


Huaca Pucllana 

General Borgoño, quadra 8
de 4a a 2a das 9:00 às 17:00 - 12 soles
de 4a a domingo das 19:00 às 22:00 - 15 soles

Aluguel de biciclena no Malecon de Miraflores