quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Por que visitar igrejas numa viagem

É óbvio que numa peregrinação religiosa as igrejas podem ser até o objetivo da viagem, como numa viagem pra ver o Papa, ou um caminho de Santiago de Compostela, romarias e etc. 

Tirando o caráter religioso da questão, visitar uma igreja pode trazer um entendimento histórico daquela comunidade, igrejas e templos foram construídas ao longo dos séculos para cultuar suas crenças. Em geral guardam tesouros do que de melhor a sociedade fazia do ponto de vista artístico e arquitetônico. Guardam relíquias história as e religiosas que vez por outra nos surpreendem e muitas vezes mesmo sendo construções antiquíssimas, sejam ativas na vida do povo local. 

Igrejas guardam histórias interessantíssimas ligadas ao seu passado onde eram o centro da sociedade, nelas Reis eram Coroados,  batizados, acordos eram feitos, guerras paravam ou iniciavam nas igrejas. As igrejas eram o centro do mundo durante um bom período da história ocidental, congregações brigavam por terras, riqueza e fiéis. Vaziam uma guerra velado por isso e ostentavam para atrair mais e mais, vemos um interessante exemplo dessas brigas veladas  pelas diferentes ordens religiosas de maneira explícita em Mariana com a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e de São Francisco de Assis ou no Mosteiro de São Bento  e o Morro da Conceição no Rio de Janeiro.
 
O estilo arquitetônico espanhol sempre tinha em sua Plaza Mayor uma igreja ao lado do centro do poder político ( por exemplo nas principais capitais latino americanas), por outras vezes numa estratégia mais francesa, as igrejas eram construídas e misturadas a fortificações militares (Notre Dame). Nas igrejas estão guardadas todo o ápice de luxo, riqueza e opulência de vários períodos da história humana. Não se trata nem sempre de uma visita religiosa, mas sob o prisma da beleza, da arte e da cultura. 

Muitas carregam estilos artísticos predominantes em sua época como o barroco, o gótico, o rococó e etc. Tem verdadeiros tesouros em sua paredes e criptas, tem relíquias sagradas ou foram construídas para abriga-las como por exemplo a Saint Chapelle em Paris.

Em Portugal se vê muito o culto teatral para arrebanhar mais e mais fiéis, órgãos, imagens , altar disposto como um palco. No Novo Mundo, onde não se tinha um  código de escrita, e havia alguma dificuldade de língua, a solução para a cristianização veio através da pintura na escola cusquenha de artes onde era possível mostrar a "palavra" de Cristo através da pintura, exposta nas igrejas, feitas por índios a mando dos espanhóis, normalmente em cima de antigos templos Incas. 

Nas igreja, acabamos tendo contato com centros de estudos e pesquisas como no caso da Saint Supice ou do Pantheon em Paris ou Mont Serrat em Barcelona (nessa inclusive existe a história de uma manobra militar crucial para Napoleão invadir a Itália). Existem igrejas que por si só são pontos turísticos já consolidados como é o caso da Notre Dame de Paris e Chartres ou Saragoza mas existem pequenas pérolas escondidas como São Miguel também em Saragoza, ou  Sé no Rio de Janeiro. 

Entrar numa Notre Dame de Paris e ser pego desprevenido com o órgão tocar vai de alguma forma tocar seus sentimentos e ver que por ali passou a história, ver um por do sol na Sacre Coer vai te tornar um cidadão do mundo ou descobrir uma obra de Michelangelo na Nossa Senhora- Onze-Lieve-Vrouwekerk em Brugges e até um tecido supostamente com o sangue de Cristo na Basiliek van het Heilig Bloed também em Brugges. 

Tudo isso vale uma viagem, independente da sua crença ... ah tem uma que vale a viagem inteira que pouco tem a ver com a história mas com a genialidade humana, Sagrada Família de Barcelona. Em todos esses templos é bom parar e refletir sobre a importância daquele lugar para a espiritualidade do povo daquele lugar em diferentes épocas da história, aí o seu turismo extrapola o tempo, vai te remeter ao passado e você conseguirá até imaginar o futuro, daquele lugar para a sociedade que ainda está por vir.